Um salto para a eternidade
Sob a luz da lua sua camisola esvoacante ganhava vida. Vida que tao logo se esvaireceria. Com os pes sempre delicados em demasia tocou o peitoral da janela do quarto.O vento beijava-lhe a face vagarosamente, e o azul funebre do ceu sem estrelas lhe dava um adeus. Deveria?
Sempre fora mulher dedicada. Uma esposa sublime e uma mae exemplar. Se o filho ficasse doente passava noites em claro a acudi-lo. Se o marido queria comida nova, de pronto aprendia a feze-la. Se receberiam visita,logo brilhava a casa. Nao tinham como reclamar daquela mulher.
Mas ela sentia-se mal,ninguem reconhecia todo o seu esforco em transformar aquela casa num lar. O marido, ah, o marido! Esse vivia da esbornia. A esposa que chamava de sua era soh sua para o tanque e a cozinha. Presentes, elogios e lazer ele gastava com as mulheres faceis,mulheres que nunca seriam as donas das casas e, talvez por isso, nao chorariam noite apos noite em seus travesseiros. O filho mais velho so fazia reclamar. A mae nao sabia falar sobre coisas da moda, a mae nao entendia de computador e nao o deixava chegar tarde em casa. A mae era ditadora, nao alguem que amava. O unico que talvez a julgasse ser humano era o cacula. A noite, apos o jantar, quando o pai saia para a esbornia e o filho para a balada, o cacula subia ao quarto da mae para escuta-la tocar o piano antigo e embala-lo nos seus sonhos infatis. Talvez por ele valesse a pena ficar. Regressou um pouco... Mas poderia suportar aquele tormento?
Ha muito aquilo nao era mais uma familia. Viviam somente a discutir. O marido nao a amava mais, nao a olhava com desejo, nao segurava na mao dela, nao a beijava. Ha quanto tempo nao se beijavam? Ela nao sabia. Seria culpa dela? Afinal ela nao era mais jovem, seus seios nao eram mais tao empinados, a pele nao era mais uma seda e o sorriso nao era constante. Na verdade ela nao sorria mais. Que marido suportaria uma mulher assim? Se nao era amada, a culpa era dela. E culpada tambem era por ser tao desinformada das novas tendencias. Que mal haveria se o filho chegasse um pouco mais tarde em casa? A quantos vexames o expos com sua repressao? Se fora uma mae tao horrivel para o mais velho , nao seria melhor para o cacula. Ela era culpada de todo aquele caos, culpadissima, culpaderrima.
A brisa era convidativa. Ninguem sentira sua ausencia no jantar,estava com enxaqueca, era uma boa desculpa. Iria saltar. Decidiu-se.
Nheeee, rangeu a porta do quarto...
-Mamae trouxe seu remedio para enxaqueca. Saia da janela ou podera se machucar! Venha tocar o piano.
-Nao, meu filho,hoje a mamae nao ira tocar. Venha me dar um beijo de boa noite.
-Por que nao se deita para dormir?
-Hoje a mamae dormira no ceu.
O garoto beijou-lhe a face e viu-na repousar na eternidade. Sentou-se no pequeno banco do piano e esperou amanhecer para ver a mamae acordar do ceu. Ela nao acordou.
[Update] To indo pra Brasilia amanha, 17/11, entao como nao terminei o outro post, nao vou atualizar isso ate voltar no domingo,21/11. Talvez passe aqui na segunda. Beijos!
x.drika.scannell.
Guria.17 anos.Feliz.Gosta de sorvete de uva.Queria voar.Nao gosta de rosas.Fala demasiadamente.Totalmente indecisa.Ama historia.Ama ler.Ama musica. Ama Vertical Horizon.Tem imaginacao adubada.
Gostaria de ser escritora.Chutou a UNB. Escarrou em Letras.Ainda assim ama literatura.Eh palmeirense. Eh fanatica por Formula 1.Tem pes que dancam sozinhos.As vezes eh chata.As vezes eh legal.
Gosta de soja.Nao bebe leite de vaca.Eh lesada.Adora politica.Odeia Brasilia.Eh ironica.Eh sincera.Eh inconstante.Talvez seja Scannell.Talvez nao.
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"I was lying in my bed last night staring
At a ceiling full of stars
When it suddenly hit me
I just have to let you know how I feel
We live together in a photograph of time
I look into your eyes
And the seas open up to me"
(Fistful of Love- Antony & Johsons)
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