quarta-feira, maio 11, 2005
"How did I become a molecule In the concrete of this city" (Falling Down -Vertical Horizon) Pode parecer, a principio, uma frase besta e ate, deveras, obvia...Um questionamento banal. Eu tambem via dessa forma, alias nem dava muita importancia a esse trecho dessa musica, ate eu me mudar para Brasilia. La eu passei todas as horas de meu dia sozinha. La eu percebi o quanto eu era nada para aquela cidade, para todos os seus moradores. La eu percebi que se eu sofresse algum acidente, por minimo que fosse, nao teria meia alma benevolente para me estender a mao, porque eu nao era nada, porque, talvez, eu fosse apenas uma molecula no concreto daquela cidade planejada e deveras perfeita. Entao, comecei a me questionar, como eu teria deixado isso ocorrer. Como eu havia me tornado apenas uma molecula...Entao comecei a tomar consciencia de mim como ser humano, e nao apenas como uma "peca para o funcionamento da sociedade capitalista", alias eu tomei consciencia de como eu nao era (e provavelmente nunca tinha sido) nada. Era como se, durante todo o tempo que eu tinha passado em Brasilia, eu tivesse sido a Macabea,personagem de a Hora da Estrela. E, agora, como de subito, eu quisesse me tornar o narrador da estoria. Bateu-me uma agonia, um desespero, em saber que eu nao tinha raiz alguma naquela cidade, e importancia menor do que a de uma gota d'agua. Queria- e precisava- fazer algo...Mas o que eu poderia fazer para me tornar ser humano,naquela cidade de trilhares de seres humanos? Naquela cidade que possuia todo o poder politico do pais? Naquela cidade do presidente da republica, dos ministerios, da perfeicao planejada? O que eu e toda minha imperfeicao, extremamente mal planejada, poderiamos fazer naquela cidade? Senti-me fora do eixo. Nao havia saida. Eu era apenas um par de meias brancas surradas, e Brasilia,pomposa e gloriosa, era um elegante vestido de noite. Jamais seriamos compativeis...Eu teria de aceitar ser apenas uma micromolecula, e ela teria de aceitar minha imperfeicao, minha pressa, meu "stress paulista", meu sotaque do interioR. Nao eramos compativeis. Afinal, meu ego, minha vontade, nao me deixavam ser apenas uma peca no sistema capitalista, e o ego brasiliense nao tinha espaco para um ser cheio de imperfeicoes como eu. Eu era estudante universitaria, eu era pobre, eu nao tinha carro, eu era pedestre em uma cidade sem calcadas, eu era apenas um par de meias surradas, e la ninguem usa meias, ainda mais surradas, eles a jogam e compram novas...Antes que fizessem isso comigo, eu me joguei na estrada, e voltei para onde, creio que,eu seja um pouco mais que uma molecula, e tenha significado na vida de algumas pessoas...Aqui,creio que pelo menos por algumas pessoas, eu serei lembrada quando eu morrer.Aqui alguem chorara a minha falta. Aqui eu me tornarei uma lembranca...La eu me tornaria apenas um breve nome,na secao de obtuarios. Eu nunca tinha explicado muito bem a minha volta. Creio que precisava falar isso. Ps: Porque a blogspot ta em portugues?????????
-drika amaral flew away at 10:00 PM
|